O tempo passou e o vento levou consigo todas as antigas amizades.
Os bancos da praça agora restam vazios. Ruas e avenidas vazias.
As casas de paredes antes caiadas agora têm seus tijolos à mostra
Como as vísceras dos mortos à deriva; como o coração de quem ama.
As lembranças já não estão estampadas nas capas dos jornais de ontem
E as palavras ecoam dissonantes e sem qualquer sentido que as empreste
O tempo também fez murchar aquele rosto que outrora fora tão trigueiro,
Na esperança de ver cruzar nos céus aquela estrela que parou de brilhar.
O tempo é a nossa dimensão perdida, inexplicada e de supérflua grandeza física,
Que nos traz sabedoria, respeito e que nos corrói as entranhas a cada segundo.
A recordação intermitente do nosso supremo memento mori em doce epitáfio
Forjada na elegia triste e fria do profundo lamento que chora o dia desperdiçado.
Tito Ramalho
No comments:
Post a Comment