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Friday, June 27, 2014

Dois anos

Meus desejos que não me calam,
Que não me acalentam
E me ignoram na não-correspondência
Do que sinto e te escrevo.

Não mais te vejo por aqui
Nem em lugar algum.
Lugar-comum de esquecimento.

A paciência, a parcimônia
Sonhos diluídos em amônia
O sofrimento de não mais querer sofrer
E apenas crer que a noite acabou
E os sonhos não foram em vão
A mais triste constatação
De que não haverá amanhã
Apenas um dia sem sol, nem arrebol
Só um dia, um dia só. Uma vida só.
Sem amor,
Sem você.

Tuesday, August 06, 2013

Dos dias nublados

Eu sigo vivendo entre a saudade e a solidão
Chutando pedras em ruas de tijolos irregulares
E desiguais, como os dias, como a vida, chuvas frias
Tortuosas como as veredas dos sonhos que tive.

Em cada pensamento, um momento, uma reflexão
Em disparate, um tiro absorto, um segundo de concisão
Das horas, dos beijos, do meu releixo, meu relapso
Um lapso de alegria, que me contagia e finalmente te vejo.

Em centésimos, a quilômetros, entre carinhos indômitos
Mas caio em eu mesmo e assim não mais te percebo
Imagino teu toque, um beijo, como um remédio placebo
Que me sorri os lábios e me contorce em felicidade.

Thursday, February 07, 2013

Divagação


O amor escorregou por entre teus dedos
Pois te faltou vontade de fechar com força a tua mão
E agora o que nos resta são memórias corroídas pelo tempo
Do que um dia nós chamamos de paixão.

Debruçada sob lençóis amarrotados e vazios
Recapitulas todos os dias os erros e vacilos
Mas depois te reconfortas com a doce mentira covarde
De que assim foi melhor para nós dois.

São retratos recortados e esquecidos de um infortúnio
De lembranças castigadas pelo tribunal da consciência
Amores ditos impossíveis que ecoam no vazio soturno
Nas vozes que se repetem em antinome incongruência.

Monday, January 28, 2013

Considerações sobre o amor



O que é o amor?
De que matéria é construído esse sentimento?
O que o faz tão forte, belo, resoluto, modesto porém gigante?
Como o obtemos e como despertamos?
Ele nasce dentro de nós ou é despertado por outro coração enamorado?
Como se sabe se é amor de verdade e como ele fenece?
Não sabemos e talvez nunca descobriremos,
Pois quem ama não tem tempo para dúvidas,
Apenas para o amor.

A luta



Sofro com tua ausência

E o silêncio do vento que não me sopra notícias tuas.
O tempo que se arrasta 
E envelhece os retratos pendurados em paredes nuas.


Sofro com o teu vazio 

E meu coração que já não é mais amado.
A consciência transtornada que nega repouso à noite,
O travesseiro desconfortável que recusa dar conforto.

Sofro com o teu amor
Que se tornou estéril e insensível.
O calor que antes cultivava flores de cores vislumbrantes
Agora ressecam com a indiferença impassível nos olhos.

Como um preâmbulo de morte em vida na frialdade das palavras
Agarro-me à mais débil das esperanças como último alento
E afogo-me na própria teimosia, pois não se abandona um sonho
Quem há de se render quando ainda se brande alto a espada?

Tuesday, August 21, 2012

Amor de lírio




A mão da saudade se desanuvia em uma chuva fria
E me abraça com gosto forte de solidão nos lábios
Os dias amenos da primavera ficaram para trás, 
No horizonte se comtempla apenas a tristeza.

Porém teu sorriso se escancara fulgurando luz
Onde antes me beijava o negrume da escuridão,
Teu amor nasce como um imenso sol que brilha
Através no orvalho da manhã, afagando meus olhos.

Olhos oblíquos que redefinem como exergo o mundo
Um campo de lírios que me arrancam da monotonia,
Ensinam-me a responsabilidade de cativar um coração
E ter saudade do barulho dos teus pequenos passos.





Tempos modernos




Vivemos em tempos modernos.
O amor restou obsoleto com o advento de novas tecnologias.
Abraçar é um carinho ultrapassado, todos esperam pela versão 2.0.
Mãos dadas está em baixa, pois não cabem em um pen drive.
Não importa quantas conexões virtuais. Não se faz download do amor.
O beijo não se manda por e-mail, nem por SMS.
Discos rígidos não são capazes de armazenar sentimentos verdadeiros.

Friday, August 17, 2012

Abandono

Desejas a paz de um amor tranquilo. 
Não o desejes, esqueça-o. 
O amor resta inquieto e a verdade está de luto.
Entretanto ainda desejas amar. 

Pois então ame se é o que queres,

Mas em breve o sol despontará no horizonte 
E o teu amor noturno te abandonará à primeira luz:
A cama ainda quente,
Os lençóis amassados,
Perfume e suor ainda impregnado em teu corpo nu.

E o amor não mais te escuta nem te vê. 

Não sente nada por ti e pela porta entreaberta 
A luz entra e ela se vai,
Faz o caminho sem volta sem olhar para trás.

Sunday, July 25, 2010

A Festa Triste

As janelas estão abertas mirando os transeuntes ausentes,
E as portas escancaradas para os convivas que não chegam.
Paredes brancas testemunham o nada acontecer.

As horas se passam,
Minuto a minuto, o dia acaba,
O riso contido,
A piada não contada,
A boca que se cala,
O abraço não dado
A saudade trancada
O flerte frustrado.

O desconhecimento dos acontecimentos das últimas horas
Que decanta o vinho aberto que ninguém há de beber
O vácuo inerte das taças vazias sobre os quais lábios não repousam.

No canto da sala
Anfitrião de copo na mão
Silêncio reina quase completo
Apenas um toca-discos desafiante
Toca um blues qualquer
E o coração que anseia
O momento que se passa
Na festa que acabou.