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Tuesday, January 26, 2010

A carta




















Este é o tipo de carta que ela prefere não receber.
Dentro do envelope roto e manchado, perfumado,
Se encontra uma cartinha rabiscada, repletas de palavras de amor
Mas ela não gosta de receber cartas sentimentais.
Prefere o vazio de cumprimentos formais,
Dos sentimentos pré-fabricados e devidamente aprovados pela sociedade.
Maldito carteiro que lhe entregara a carta!
Ela preferiria que o carteiro, ao olhar a carta, a lançasse fora
Ao vento, ao lixo, ou que a escondesse bem longe da sua caixa postal.
Pois palavras como “eu te amo” estão ultrapassadas
São quase pornográficas, tão reprováveis.
Não seja tolo! – Pensa ela.
Jamais envie cartas de amor. O amor é nulo e já não existe mais.
Talvez ainda exista amor na Nova Zelândia ou qualquer outro lugar perdido.
Mas não aqui... nesta carta de amor que ela não gosta de receber.
E o remetente apaixonado em vão espera uma resposta.


Tito Ramalho

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