As crianças agora temem em se olhar nos espelhos
E os idosos de se olhar pela janela. Desconhecem o que tem lá fora.
A poeira se acumula sobre a mobilia e o vento lá fora
Brinca com as folhas secas num vai-e-vem pelo jardim descuidado.
A grama não cortada esconde coisas espalhadas pelo chão
E no canto da parede do quarto brinquedos quebrados jazem esquecidos.
O medo inspira os aspirantes a anjo e dão asas de Ícaro aos deuses,
E caminham a passos largos em direção à casa abandonada.
Os pequenos se entreolham desconfiados e se perguntam sobre as horas
A vida vagueia desnorteada por entre os tolos de braços cruzados
E fecham seus olhos insípidos e maldizem o deus que falhou.
Tito Ramalho
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